CRÔNICAS DO TEMPLO: ORIGENS E AFIRMAÇÃO DA ORDEM
Dois marcos temporais importantes para se entender a formação da Ordem do Templo são os séculos VI e VII DC. No século VI observa-se o fim da fase áurea do Império Bizantino (fim da era Justiniana – ano de 565 DC) e o início de sua lenta decadência, terminando no ano de 1453 DC. No século VII vê-se a criação do Islã, como um novo modelo social-político-econômico-religioso, e sua expansão para todos os cantos do Oriente Médio (atingindo o território bizantino, em especial a Terra Santa), para o norte da África e península Ibérica.
Nos séculos X e XI, dentro do espaço político do Islã, ou seja, a Ummah (que significa em árabe, comunidade), novas organizações políticas adquiriam protagonismo político, mesmo se sujeitando formalmente a autoridade do Khalipha (representante).
Com o enfraquecimento do califado abássida, surgiram o Império (ou sultanato) turco- seldjúcida, que se apresentava como a grande ameaça a existência do Império Bizantino, e o Califado Fatímida, que não só ameaçava os interesses bizantinos no Mediterrâneo Oriental, como também tinha interesses na Terra santa e na região do Levante (Síria).
Espaços geográficos do Império (ou sultanato) turco
Acervo do autor
É pertinente realçar que Jerusalém foi ocupada pelo califado ortodoxo em 637 DC. O califa Omar garantiu, na época, estabilidade e proteção aos cristãos e judeus citadinos, reconhecendo status de dhimmis.
Os Ahlul Dhemmah ou a Casa do Contrato, são grupos não muçulmanos que vivem dentro da Ummah, possuindo titularidade de direito. Os dhimmis[1] são individualmente protegidos pelo Fiqh (Sistema de Direito Islâmico) e pelo Dawla Islamiyya (Estado Islâmico). A titularidade pelo pacto, em regra, é dada aos Povos do Livro (Ahl al-kitab), ou seja, judeus e cristãos, mas ao longo da expansão do Islã, outros povos foram reconhecidos como dhimmis, como por exemplo os mandeus, zoroastristas, hindus e budistas. A condição para atribuição da titularidade é que a comunidade não-muçulmana viva dentro de certas regras: o não muçulmano deve ser leal com a Ummah, tendo liberdade religiosa e proteção de seus direitos individuais.
Porém, quando Jerusalém foi invadida pelos Seldjúcidas (1065 DC), os cristãos foram massacrados, gerando comoção entre bizantinos e europeus católicos, motivação para as cruzadas.
O enfraquecido Império Bizantino, sob liderança de Aleixo I Comneno, recorreu ao auxílio do papa Urbano II. O papa, por sua vez, entendeu que não só o Império estava ameaçado, mas a própria existência do cristianismo estava em risco, conclamando os cristãos (especificamente os nobres franceses / Concílio de Clermont/ 27 de janeiro de 1095) a lutar pela reconquista da Terra Santa, dando início a era das Cruzadas.
É importante ressaltar que, na Idade Média, especificamente na Comunitas Christianna, espaço político do não mais existente Império Romano Ocidental, a organização política era políárquica, composta por uma rede complexa de agentes e grupos que detinham poder de forma local/regional, com autonomia real. Uma rede complexa de senhores que se sustentava fragilmente em elos de compromissos (suserania e vassalagem) e pela autoridade política e religiosa da Igreja de Roma.
A poliarquia estava atrelada a uma organização econômica também pulverizada, difusa, sob controle desses senhores, tendo como fonte de riqueza (e de status) a terra, inspirada no colonato romano, ou seja, os modelos feudais.
Não existia, portanto, uma unidade político-econômico-territorial, uma unidade institucional efetiva, o que explica o protagonismo da Igreja Católica nesse período, cuja autoridade era estabelecida na "unidade" identitária, religiosa.
A Igreja preencheu os vácuos de poder. O pároco, bispos, primazes e o próprio papa assumiram papéis, por natureza, seculares (mundanos), assumindo funções administrativas, jurídicas, educacionais, assistenciais e, até mesmo, militares. Exemplos diversos, são a criação de universidades, o desenvolvimento do direito canônico, a sujeição de cidades e territórios a autoridade religiosa local e até mesmo a criação de ordens militares.
A Igreja tentou, sem alcançar completamente seus objetivos, estabelecer uma unidade política, com a criação do Sacro Império Romano-Germânico, nos anos 800 DC, e recorria, quando necessário aos compromissos firmados dentro da estrutura hierárquica.
A primeira Cruzada, ou Cruzada dos Mendigos, foi uma iniciativa popular, promovida pelo monge Pedro, o Eremita (1096 DC), composto em grande parte por homens humildes, mulheres e crianças, motivados pelo fervor religioso, sem preparo militar e equipamentos. O fervor era tal e a intolerância tamanha, que existem diversos registros de perseguições contra judeus e cristãos ortodoxos, além de saques e pilhagens.
Mesmo assim, o Imperador Aleixo recebeu o grupo (fora dos muros de Constantinopla) e sugeriu que esperassem os reforços franco-normandos, não sendo atendido. O preço foi o massacre pelos turcos seldjúcidas.
A segunda Cruzada (considerada a primeira, em menosprezo a Cruzada dos Mendigos) foi a dos Nobres ou dos Cavaleiros (1096-1099 DC). Organizada pela nobreza franco-germânica, a missão foi capaz de conter a ação dos seldjúcidas na região de Anatólia e retomar territórios no Levante e na Palestina. Inclusive, os territórios conquistados, conforme acordo com o imperador bizantino, ficaram sob controle dos cruzados.
O protagonista na conquista do Levante e Palestina foi Godofredo de Bulhão.
Godofredo ou Gofredo de Bulhão era filho de Eustáquio II, conde de Bolonha, e Godofredo o Barbudo, duque da Baixa Lorena e conde de Verdun.
Por não ser o primogênito, não herdou os títulos e terras do pai, tornando-se cavaleiro, a serviço de seu tio materno Godofredo o Corcunda, Duque da Baixa Lorena. Quando o tio morreu, Godofredo assumiu o Ducado (por indicação do tio, por testamento).
Gofredo, ao conquistar a Cidade Santa, em 1099, foi aclamado inicialmente rei, o que de imediato recusou, alegando que ali só existia um rei, o Senhor Jesus Cristo, coroado ali com espinhos, aceitando o título de Protetor do Santo Sepulcro (Advocatus Sancti Sepulchri).
Gofredo fundou inicialmente a Ordem Militar de Sião, sediada na Igreja do monte Sião, e a Ordem Militar do Santo Sepulcro, ou a Ordem dos Cónegos do Santo Sepulcro, que após a sua morte (18 de julho de 1100), foi assumida por seu irmão, parceiro de armas e sucessor (primeiro rei de Jerusalém), Balduíno de Bolonha ou rei Balduíno I.
A Ordem era composta por religiosos regulares e por seculares, militares ou não, sujeitos a regra monástica agostiniana, jurando defender o Santo Sepulcro, os locais santos e seu soberano.
A partir da coroação de Balduíno de Bolonha, as possessões cristãs serão denominadas de Reino Latino de Jerusalém (25 de dezembro de 1100) e os estados vassalos de Ultramar, Condado de Edessa, Principado de Antioquia e o Condado de Trípoli.
A partir da Ordem do Santo Sepulcro outras ordens monásticas militares foram criadas: a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, Cavaleiros Templários ou apenas Templo; a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários de São João de Jerusalém, ou simplesmente Hospital, posteriormente (com a sua expulsão da Terra Santa pelo muçulmanos), conhecida como Ordem de Rodes e Ordem Militar Soberana de Malta; a Ordem dos Irmãos da Casa Alemã de Santa Maria de Jerusalém, Cavaleiros Teutônicos da Sagrada Virgem Maria.
A Ordem dos Cavaleiros Templários foi fundado por cruzados francos, originalmente ligados a Ordem do Santo Sepulcro e a Gofredo de Bulhão, em 1118 D.C., quando o rei Balduíno II interveio perante o papa para os reconhecer.
Hugo de Payens ascendia de família nobre borgonhesa, em especial a Montbard, possuindo ligações de parentesco com Bernardo de Claraval e Henrique de Borgonha (conde do condado portucalense e pai de Afonso Henrique, rei de Portugal). Era originalmente vassalo de Hugo, conde de Champagne. |
Payens reuniu os cavaleiros, por sinal parentes, Godofredo de Saint-Omer, Eudo de Saint Amand, Payan de Montdidier, Godofredo Bissot, Hugo Rigaldo, Fulque V de Anjou, os cavaleiros de Rossal, os portugueses Gondomar e frei Arnaldo da Rocha e, cogita-se, Hugo de Champagne.
Payens, que tinha boas relações com o Rei de Jerusalém Balduíno II, não somente conseguiu a aprovação do soberano como conseguiu a permissão que se instalasse com o seu grupo no que, atualmente, se chama esplanada das mesquitas (onde ficava o segundo Templo de Israel), daí o nome templários e Ordem dos Cavaleiros do Templo
Os Templários se denominavam de Militia Christi (Exército de Cristo / Soldados de Cristo), tendo a função de proteger peregrinos e garantir a segurança da Terra Santa, desenvolvendo uma reputação de bravos guerreiros. |
O principal responsável pela divulgação dos feitos e das virtudes dos cavaleiros foi Bernardo de Claraval, que em suas pregações conclamava que a nobreza franco-normanda colaborasse com pessoas e recursos, em favor da causa do Templo. Também foi Bernardo o responsável pela institucionalização da Ordem, convencendo o papa Honório II, no Concílio de Troyes (1129). Porém, oficialmente a Ordem foi reconhecida em 1139, com publicação da bula papal Omne datum optimum (Inocêncio II), adquirindo isenções e privilégios, entre eles a comunicação direta com o papa.
Bernardo escreveu a Regra da Ordem, os fundamentos espirituais e as disciplinas, conciliando a vida religiosa com a vida militar conforme exposto por ele nas Regras:
Bernardo escreveu a Regra da Ordem, os fundamentos espirituais e as disciplinas, conciliando a vida religiosa com a vida militar conforme exposto por ele nas Regras:
Pretendo falar de um novo tipo de cavaleiro, absolutamente desconhecido nas eras precedentes, que, sem poupar energias, trava uma luta num duplo fronte: uma luta contra a carne e o sangue, mas também contra os espíritos malignos espalhados nos ares.
A Regra foi disposta em 72 capítulos distribuídos, com sete seções: 1) A regra primitiva; 2) Os estatutos hierárquicos; 3) Penitências; 4) Vida Monástica; 5) Capítulos comuns; 6) Maiores detalhes de penitências; 7) Recepção na Ordem. Em geral, estabelecia regime de alimentação frugal, recrutamento de pessoas adultas (a partir dos 30 anos), solteiros ou viúvos, saudáveis que deveriam viver em celibato, pobreza, com disciplina, comprometidos com a honra, obediência, combate e sacrifício.
Também determinava distinção entre os cavaleiros seculares e religiosos (não se misturavam nas refeições comunais), estabelecendo rígida hierarquia. No topo estava o Grão-Mestre, escolhido por eleição, comandante geral e absoluto da Ordem, sujeito apenas ao papa; Senescal, que tinha funções administrativas e consultivas em apoio ao Grão-Mestre; Marechal, responsável pela organização militar, estratégica e logística da ordem; os Comandantes, líderes militares regionais, sediados em Jerusalém, Tripoli e Antioquia; Drapier, que cuidava da vestimentas templárias; Comandante das casas, tenentes gerais; Comandante dos cavaleiros, sujeitos aos anteriores; Irmãos Cavaleiros, guerreiros que usavam a túnica branca com a cruz vermelha. Existia também funções estabelecidas como o do Turcoplier, líder dos irmãos em batalha; o Sub-Marechal que dava apoio aos soldados, zelando pelos equipamentos; Sargento Irmão que não tinha origem nobre, não tendo um cavalo para si; os Cavaleiros Clientes e Escudeiros Clientes.
Na ordem também havia os irmãos abades (função sacerdotal) e os artífices, que eram especializados em atividades manufatureiras.
Os cavaleiros templários vestiam um manto branco sobre a armadura, e portavam uma cruz vermelha no lado esquerdo. Os sargentos vestiam um manto marrom ou negro. Usavam cinto ou cordão. No caso do cordão, era uma demonstração de pobreza e penitência.
Os escudos templários eram, em regra, brancos, com uma listra horizontal negra na parte superior. Os templários também deixavam a barba crescer e mantinham seus cabelos curtos.
O que parece é que o sentido de disciplina (de fé e de vida em luta, externa e interna, do monge guerreiro) exposta na Regra do Templo, lembra o Jihad, princípio religioso do Islã.
Jihad significa esforço para a defesa do Islã, palavra que deriva do termo jahada, esforço, tendo dimensão espiritual e social/securitária.
Como virtude espiritual, a jihad alkubra ou al-akbar (esforço maior) consiste no processo de interiorização do conflito, uma luta subjetiva, visando submeter sua vontade, vencer suas paixões e fazer progressos pessoais, na busca da temperança e prudência, o caminho reto, do meio (Al umma al wasat), a vida virtuosa (ihsan), em prol da Comunidade. A jihad sughra ou al-asghar (esforço menor) é a virtude cívica, pois se trata da guerra de defesa. Na jihad menor, o muçulmano tem consciência que, em nome da fé, do interesse público, da existência e segurança da Ummah, poderá pegar em armas.
Não é apenas o exercício de oposição contra perigos estrangeiros, mas contra opressões e arbitrariedades internas.
O primeiro símbolo adotado foi de dois cavaleiros compartilhando uma única montaria. Sobre seu significado, a versão mais comum é vocação de irmandade e pobreza exigida aos integrantes da ordem. Existe, entretanto uma versão esotérica, sobre a dualidade, a natureza material e espiritual, racional e emocional do cavaleiro. Conforme o La Chanson de Roland (A canção de Rolando), os cavaleiros Rolando e Oliver ao combaterem os mouros, agem com força e prudência (Roland é a razão e Oliver é a emoção).
A ordem nasceu simples, realmente pobre, mas em função da reputação conquistada na Europa, recebeu inúmeras doações em dinheiro e terras. Em 1128 DC, Hugo de Payens retornou a Europa no intuito angariar pessoas e recursos, sendo bem-sucedido na França (Champagne, Borgonha, Normandia) e na Inglaterra, chegando, com autorização direta do rei Henrique I da Inglaterra e conde da Normandia, fundar uma comanderia em Londres e em outros pontos do solo inglês.
A "Cruzada Templária" não ficou restrita a Terra Santa, mas se estendeu a Península Ibérica.
A península Ibérica, a partir dos anos de 711 a 713 DC, sujeitou-se a ocupação islâmica, oriunda do norte da África, dando fim ao reino visigótico de Rodrigo. Trata-se do resultado da política de expansão do Califado Omíada (661-750 DC), que constituiu o Emirado de Córdoba na região de Al-Andalus (nome árabe para região).
A expansão foi contida pelos francos, liderados por Carlos Martel na batalha de Poitiers (732 DC), graças ao empenho das forças de resistência, o clima na região da França e do desestímulo das forças invasoras. O domínio islâmico tem como limite os Pirineus ao nordeste e, ao noroeste, o reino das Asturias.
Posteriormente, com o fim da era Omíada, a região gradualmente assumiu autonomia política, e o emir Abderramão III, por alegar ser descendente da "dinastia" substituída pelos Abássidas, se proclamou Califa (929 DC), rompendo, da mesma forma que os Fatimídas no Egito e norte da África, com o governante de Bagdá.
No século XII, o Califado de Córdoba foi substituído pelo Califado Almóada, pois resultou de uma tomada de poder por parte dos almorávidas, grupo de religiosos fundamentalistas originário do norte da África (Marrocos), descontentes com o enfraquecimento do regime anterior e do fortalecimento da resistência cristã, que neste período retomou 3/4 da península Ibérica.
É importante salientar que a resistência cristã se manteve desde o século VIII, no noroeste da Ibéria. Os cristãos resistiram, contendo a expansão entre os anos de 718-722 DC, na Batalha de Covadonga, liderada do Pelágio de Astúrias (Duque da Cantábria).
Nos idos de 1130, os Templários estavam presentes na "cruzada ibérica", auxiliando os reinos de Leão, Navarra e do ainda Condado Portugalense. A tradicional gana dos cavaleiros templários na luta de reconquistas acabou por render ótimos resultados: doação de recursos e terras.
É importante ressaltar que Henrique de Borgonha, Conde de Portugale, tinha parentescos comuns com Bernardo de Claraval (primos) e com as famílias nobres dos cavaleiros fundadores da Ordem do Templo (família Montbard). Inclusive, conforme registros cistercienses, o conde Henrique fez parte da 1ª. ou 2ª. Cruzada (como já explicado anteriormente), liderada por Gofredo de Bulhão.
A aclamação de seu filho Afonso Henriques como rei de Portugal, e sua consolidação política, teve apoio significativo dos cavaleiros templários, não só pela força das armas, mas pelo empenho em convencer Papa Alexandre III em reconhecer o soberano português (Bula Manifestis Probatum / 1179 DC).
Existe tese de que Afonso Henriques era um Cavaleiro Templário, sendo ordenado pelo menos dez anos antes de sua coroação, mesmo período em que, na condição de conde, expediu documento doando o castelo de Soure à Ordem do Templo.
Dou a vós Soldados do Templo de Salomão o antigo Castelo que se chama Soure ( ) e esta doação faço não por mando, ou persuasão de alguém, mas por amor de Deus, e por remédio de minha alma, e de meus Pais, e pelo cordial amor que vos tenho e porque em vossa Irmandade e em todas vossas boas obras sou Irmão .."[1].
[1] "Historia da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Christo", do frei Bernardo da Costa. A obra foi publicada em Coimbra, na oficina de Pedro Ginioux, mercador de livros, 1771. pp. 157-158. |
Afonso Henriques também contou com declarado e forte apoio de Bernardo de Claraval, fundador da Ordem de Cister, que recebeu doações do monarca, como o espaço e construção do Mosteiro de Alcobaça.
Um personagem decisivo no reinado de Afonso Henriques foi Gualdim Pais, mestre templário responsável pela Ordem em Portugal.
Gualdim foi mentor e conselheiro do soberano português, sendo o líder militar responsável por consolidar as conquistas portuguesas contra os muçulmanos. Sob liderança de Gualdim, fortificações foram feitas, entre elas a fortaleza de Tomar, que se
tornou a sede do Templo em Portugal. Gualdim tinha experiência, pois serviu a ordem nas cruzadas, participando da ação contra o califado Fatimída (cerco de Ascalon -1153 DC).
Outro personagem decisivo na formação de Portugal e consolidação da Ordem do Templo em terras lusas foi Frei Arnaldo, ou Arnoldo, da Rocha. Arnaldo, como já abordado, foi um dos nove fundadores da Ordem do Templo e anteriormente fez parte da missão de Gofredo de Bulhão, assumindo o papel de Abade da Igreja do Monte Sião.
Ao retornar para o então jovem reino de Portugal, Arnaldo, assumiu a condição de Procurador do Templo. Essa teoria tem fundamentos em dados que apontam que em 1º. de abril de 1185, especificamente a escritura de venda de um imóvel situado em Braga, tendo como comprador Petrus Arnaldo, "frei do Templo".
Arnaldo foi o Terceiro Mestre do Templo em Portugal, tendo como antecessores D. Hugo Martins e Gualdim Pais.
Logo, oberava-se que a Ordem do Templo se fixou, com um prestigio diferenciado, incialmente, em três 3 locais fora da Terra Santa: França, Inglaterra e Portugal, o que explicará muitas ações futuras da ordem.
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