A Loja Secreta
Bento Gonçalves Segundo (*)
Os tempos não são mais como eram. Aos poucos, coisas rotineiras foram sendo suprimidas. Reuniões onde antes se discutia ética, filosofia e política em sua essência passaram a ser olhadas com desconfiança, pois há suspeitas de que ali se pratica a antidemocracia. Nada adianta explicar que é apenas uma atividade discreta, por um grupo reunido perfeitamente identificado e esclarecido.
E assim a concepção de antigos e tradicionais conceitos estão modificados. Liberdade de opinião sim, mas com muitas restrições! Portar a bandeira sugere conspiração e inexistem motivos explícitos para processos judiciais. Costumes e crenças se transformaram em formas de conluio. Em suma, o cenário é de atmosfera sombria, uma espécie de surrealismo legal, tudo muito estranho e obscuro.
É nesse cenário que surgiu uma Loja secreta!
O Irmão desce do carro e segue em passos rápidos, adentrando num prédio simples, sem elevador. O bloco não ostenta grandes ornamentações e não possui símbolos externos que indiquem o que se faz em seu interior. A entrada permite acesso ao segundo andar. A porta da sala permanece fechada e a grade externa impede o ingresso de visitas indesejáveis. Ali funciona a tal Loja secreta!
Na Loja secreta o Mestre de Harmonia não pode ligar seus equipamentos. A harmonia não deve ser ouvida do lado externo. Atenção muito especial quanto aos rituais de iniciação, elevação e exaltação. É preciso entender a harmonia como uma espécie de ideia força que se propaga, como aquela frequência que o Maçom sabe que existe, mas naquela conjuntura, não deve ser registrada em decibéis!
Os toques dos malhetes revelam-se surdos. A breve troca de olhares dirige a palavra dos Irmãos, murmúrios em voz baixa, nenhuma prancha escrita. O SPI até circula, apenas para manter o ritual. Retorna vazio. As pranchas são verbais.
Ao contrário, o uso de sinais toques e palavras especiais, de passe ou semestral são exaustivamente utilizadas. Os rituais já todos memorizados e guardados no interior mais profundo do cérebro. As vias papel e digital até então existentes, já foram destruídas, queimadas e apagadas dos computadores, sem sobra de resíduos que permitam identificação.
O Secretário agora tem um poder especial, uma capacidade infinita de armazenar conhecimento e informações! Ele retém todo o acervo relativo aos dados de filiação, iniciação. O uso de cofres em lugares não imaginados conserva os preciosos registros históricos da Ordem.
No mundo, a maçonaria já foi perseguida, condenada e calada! No Brasil, as atividades maçônicas já foram "suspensas" em outras épocas históricas. As Lojas – o local onde os maçons se reúnem – continuam a existir, subsistir e sobreviver a ventos e trovoadas políticas. Provavelmente isso não acontecerá novamente. Será?
(*) Pseudônimo. O autor é Mestre Maçom
Não necessariamente a verdade, mas baseado em fatos, o leitor de Egrégora pode pesquisar a respeito em Ver https://www.gosp.org.br/luzes/curiosidades/dom-pedro-i-e-a-maconaria Ver também ou https://www.facebook.com/BrazilImperiu/photos/a.2082430488753824/3157900604540135
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Imagem inspirada em "O Processo", de Franz Kafka Acervo do Autor | Imagem inspirada em "O Processo" de Franz Kafka Acervo do Autor |
Uma Loja Secreta