CORAGEM MORAL
No momento em que está em risco a liberdade de opinião e em que intenções ocultas buscam controlar a opinião pública, anulando as instituições, é justo resgatar no pretérito a emulação de valores da dignidade humana atualmente adormecidos.
O episódio de Octodorum (atual Martigny, na Suíça), passou para a História, no dia 22 de agosto de 286, às margens do rio Ródano, quando as legiões encenavam os ritos da cerimônia inicial da campanha contra os gauleses rebelados.
O capitão Maurício, comandante da Legião Tebana, foi levado à presença do Augusto Maximiliano, para responder pela recusa em cumprir a ordem de reverenciar os deuses da pátria: "Somos teus soldados, oh imperador, mas, acima de tudo, servidores de Deus. Nós te devemos obediência militar, mas, a ele, devemos a nossa inocência. Preferimos morrer inocentes a viver culpados".
A resposta firme e calma de Maurício deu um testemunho retumbante de coragem moral e de fidelidade aos valores da sua fé. Maximiliano determinou a execução exemplar do comandante, à frente de seus próprios legionários, para induzi-los à obediência, mas eles preferiram seguir o exemplo do chefe, sendo todos dizimados.
A exuberante lição de coragem cimentou com sangue o alicerce da nova ordem, no final do século III, permitindo que Constantino liberasse o cristianismo, com o Édito de Milão, 27 anos depois.
São Maurício foi canonizado no século IV e, atualmente, é o padroeiro das Forças Armadas brasileiras.
No ambiente moderno, caracterizado pela degradação dos costumes e pela acomodação das pessoas às próprias conveniências, o eco de Octodorum precisa repercutir, reafirmando o poder da fé e a força da autoridade moral.
Por Maynard Marques de Santa Rosa, Mestre Maçom
Józef Mehoffer, obra em domínio público Detalhe de "A Janela dos Mártires" (à esquerda), mostra o martírio de São Maurício: uma mulher de luto sustenta a parte superior do corpo.
Os 15 vitrais de J. Mehoffer estão localizados na Catedral de St. Nicholas em Friburgo, Suíça. |