Vigilância e Perseverança

Durante nossa iniciação, abandonados no "centro da terra", ao nos depararmos com mística e esotérica figura do galo (objeto tridimensional ou desenhado em um painel), vemos que duas palavras de poderosos significados o acompanham: Vigilância e Perseverança, muito explorados em nossa vida cotidiana, pois frequentemente as proferimos aos outros, ou escutamos como sugestão de utilização, seja para não "cairmos em tentação", seja para nos mantermos rígidos em algum propósito. A Vigilância para nos estimular a cautela e observância de nossos atos, e a Perseverança para permanecer no caminho da retidão, firmes, sem esmorecer.

A Vigilância é o estado de vigília, observação, a condição de quem age com diligência, prudência e cuidado perante suas ações e pensamentos que resultarão em atitudes. O vigilante age com mais cuidado e interesse, evitando imprevistos ou erros, cuidando de seus pensamentos, seus atos, de si sua "fortaleza", como a sentinela de nós mesmos assegura a integridade da "fortaleza" mental

Trazendo para Templo, temos nossos Irmãos Vigilantes que, dentre outras funções, verifica se o Templo está "coberto", o que assegura a paz harmonia e a disciplina "em ambas as colunas", com grande auxílio do 2º Diácono e dos Cobridores. Assim os obreiros podem partir, após cada sessão, "contentes e satisfeitos", após "justo e perfeito" trabalho, quando, enfim, a "meia noite" chega.

As ações de uma pessoa vigilante são precedidas de pensamentos mais racionais e lógicos, evitando que as emoções se convertam em atos impetuosos a qualquer momento. Dessa forma o vigilante não pode ser imprudente, ignorando os sinais indicativos de desvio moral. É utópico que se queira manter-se assim cem por cento do tempo, mas é o que devemos almejar.

Aos religiosos são passados desde a tenra idade os ensinamentos de seus "Livros Sagrados", em auxílio a este estado que nos favorece. No caso dos cristãos, por exemplo, não faltam versículos do Sagrado Livro, que nos lembram sobre essa qualidade dos prudentes, como em Mateus 26:41: "Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca".

A "carne fraca" pode se referir à vontade "fraca", que tende a paixões que se sobrepõem à razão, "cegando" o indivíduo, não deixando com que perceba seus próprios erros e defeitos que, quando conscientes e vigilantes, não passariam tão despercebidos a ponto de corrigir-se ou manter-se na retidão.

Já a Perseverança é o estado de obstinação, pertinácia e constância. Muitos se ancoram na fé no futuro, ou mera crença para se manterem constantes em suas ações mais prolongadas, em seus trabalhos mais árduos, cujo tempo seja um fator preponderante a favor dos persistentes e pacientes.

A Perseverança também, assim como a Vigilância, é reforçada em ensinamentos religiosos, bem descritos no Livro da Lei, em vários versículos. Podemos destacar o "Tiago 1:2-4":

Superar as provações sem cair no desânimo, na maldita procrastinação que compromete a constância do trabalho e do estudo. A cada etapa completada, suplantando adversidades, mas vencendo a meta, seremos não só mais capacitados, mas também mais sábios.

Fonte: https://jrmcoaching.com.br/blog/como-aumentar-sua-perseveranca-e-ser-mais-persistente

Sísifo e as provações

A Perseverança se revela no homem forte, tenaz em espírito (princípio vital) e alma (princípio inteligente), vigoroso e consciente de onde pretende chegar, sob a fé em G?A?D?U que deve nos governar. N"Ele devemos nos sustentar para permanecer no caminho que escolhemos, e em que diversos momentos tivemos a certeza de que o melhor é permanecer nessa trajetória

Na Ordem, como na vida cotidiana (vulgo mundo profano), não nos diferenciamos quando nos deparamos com adversidades, precisando colocar em prática nossa Vigilância e Perseverança, a fim de não "tropeçarmos" ou desistimos no meio do caminho. Quando algum Irmão se desmotiva ou se deixam abalar por alguma sobrecarga paralela aos seus trabalhos e estudos e trabalhos maçônicos, além do apoio dos Irmãos, algumas estratégias podem ajudar:

1 - Definir objetivos e metas de curto, médio e longo prazo, procurando sempre lembrar da importância de cada uma delas para si;

2 - Praticar a autodisciplina, estabelecendo rotinas e fazendo escolhas a serem priorizadas, até que se atinja o objetivo proposto;

3 - Aprendendo com os erros e falhas captadas pela Vigilância, retomando o caminho da retidão; e

4 - Procurar não se abster de buscar apoio, compartilhando experiências e buscando aprender com o exemplo e conselhos de quem nos aparenta seguir princípios que queremos desenvolver ou manter.

Sabemos que para muitos de nós, a prática parece ser simples e fácil, e em tese o é, mas "a carne é fraca", face à realidade de cada um, que sempre se depara com algo que nos distraia ou nos desmotiva, porém não temos muito por onde nos socorrermos, se não pelo principal: a tomada de decisão de nossa parte, elaborando estratégias como acima elencadas, podendo se subsidiar pelo apoio dos mais próximos, aos quais podemos depositar nossa confiança.

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Artefatos da vigilância e da perseverança

O caminho do progresso não nunca é fácil - e ninguém nos garante que seja - quando as paixões humanamente estão sempre presentes, à espreita, testando nosso poder de domínio e controle, a fim de nunca deixar que nossas "Colunas se abatam". Pois, mesmo nas vicissitudes, onde alguns ficam caminho (o que nunca desejamos e combatemos), sabemos que, via de regra, todos os Irmãos desejam permanecer na obra que iniciaram por livre arbítrio, na constância das benéficas ações do homem reto e justo, na boa prática maçônica, desbastando cada um a sua "Pedra Bruta", até seu derradeiro dia, como um eterno Aprendiz, sabedores de que, para atingir a utópica perfeição, devem ter sempre em mente a aplicação da Vigilância e Perseverança como estados essenciais para permanecer no caminho da Luz.

E que o G?A?.D?U? a todos ilumine e guarde.

Fraternalmente,

LUCIANO GONÇALVES RODRIGUES é Mestre Maçom