Argamassa sendo remexida: paz, harmonia e concórdia em busca da justa medida
O autor nos leva a pensar na composição da argamassa, sua manipulação e composição – paz, harmonia e concórdia – e no dia a dia da construção, no uso da trolha para dispor na quantidade e no lugar certo, determinando a justa medida das coisas.
Paz, harmonia e concórdia são poderosas palavras. Sua composição, a mescla química e a mistura resultante, produzem efeitos diversos.
Os ambientes de convivência demandam muita compreensão, muita análise, ora aceitação, de insatisfações, ora um pouco de revolta, às vezes, quem sabe, um convite à reação!
Necessário, primeiramente, definir a os termos utilizados, pois, mesmo sendo poucas palavras, os significados possuem características de grande amplitude e longo alcance.
O contexto é por demais conhecido. Inúmeras vezes já escutamos a expressão (aqui adaptada por evidentes motivos):
"Concede que a Paz, a Harmonia e a Concórdia componham a tríplice argamassa com que se ligam as nossas obras."
A metáfora dessa "argamassa" extrapola o lado material! A capacidade dessa "argamassa" é muito grande, tanto do ponto de vista espiritual quanto do lado material. A visão é múltipla e às vezes não se percebe seu uso.
Sob a vista material a argamassa é composta basicamente por uma mistura de cimento, cal hidratada e areia natural. Também pode levar outros elementos e aditivos que as tornam mais aderentes e resistentes, de acordo com o seu uso.
Dependendo de como está sendo aplicada, ela é capaz de preencher cavidades, promover aderências, remover superfícies ásperas, colar partes de granito, aumentar a resistência à corrosão, à água e ao fogo.
Agora, sob o enfoque humano, psicológico e espiritual ela altera-se fundamentalmente! Torna-se capaz de unir pontos de vista discordantes, conformar novas ideias, aumentar a resistência às adversidades e à corrosão provocada por ferimentos, fortalecendo as "construções sociais" e suas relações entre si.
As condicionantes que vierem a exigir promoção da paz, harmonia e concórdia subsistem por si mesmas. Talvez possa haver composições diversas, tudo conforme as necessidades de maior dosagem de um componente ou de outro componente.
O remexer é a continuidade da alegoria! O ato de remexer vem da inconformidade com as coisas construídas e da forma como estão. Remexer é uma ação que induz olhar atento, agitação, desarranjo e nova arrumação, pressupõe manuseio pelas mãos e uso de instrumentos.
Nem a argamassa nem o ato de remexer agem solitários. É necessário o trabalho de mãos e de um pensamento que conduza as ações. Eis que surge a trolha, utensílio dos maçons operativos, também conhecida como colher de pedreiro. |
A estratégia, o objetivo ou a intenção determina que ela, a trolha, componha e disponha, em primeiro lugar, da argamassa. Mas não é só isso. Junto com a argamassa, a trolha traz consigo a equidade, a benevolência, a humanidade. Assim é que suas "cargas" constituem como que um emblemático sistema de livre arbítrio e justiça, de tolerância ou não, de capacidade de ter a coisa feita com lealdade, com humanidade. Volta-se à ideia dos fins primordiais da paz, harmonia e concórdia, inseparáveis e inesgotáveis!
Ela carrega maior ou menor quantidade de uma especial "argamassa". Ela, a trolha, dispõe onde colocar argamassa, sua consistência, onde apoiar, que partes unir!
Diante da inconformidade com determinada situação, é preciso remexer a "argamassa"! O ser humano possui poder de alterar as coisas. É assim a vida.
Pertenço à Loja Miguel Archanjo Tolosa, Nº 2131, como uma parte do corpo que compõe o Grande Oriente do Distrito Federal (GODF), também minha "grande loja", onde nasci e me criei!
Irmãos do GODF, há coisas que devemos pregar, atar, unir e jamais separar!
Homero Zanotta é Mestre Maçom