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EDIÇÃO 68

A EGRÉGORA E SEU SIGNIFICADO

Um pouco da nossa inspiração


Egrégora é uma palavra de etimologia complexa. A origem mais próxima é o verbo grego egregorein (velar, vigiar) que, por sua vez, resultou de um empréstimo linguístico hebraico de significação incerta, o que obscurece a questão.

A Psicologia e a Psicanálise, como ciências que investigam os fenômenos psíquicos, ocuparam-se necessariamente da questão, mas, ao fazê-lo, lançaram mão de termos de sua própria linguagem especializada. Carl Gustav Jung[i] entende que o inconsciente pessoal representa todo o material inconsciente que foi adquirido em algum momento da vida do indivíduo. Entre essas aquisições pessoais, incluem-se o esquecido, o reprimido, o subliminarmente percebido, pensado e sentido, bem como os complexos[ii]. Ao conceito de inconsciente pessoal se opõe o de inconsciente coletivo, que dialoga com o conceito da egrégora e é composto por arquétipos herdados e comuns a todos os seres humanos.

Com palavras mais acessíveis, a Egrégora é formada pela confluência (projeção) dos desejos e aspirações — boas e más — (conteú­dos do inconsciente coletivo) de uma comunidade, quer sejam simples associações de pessoas para qualquer fim, quer sejam aglomerados humanos mais complexos como municípios, províncias, países ou, em sentido amplíssimo, nossa comunidade planetária.

Disso resulta afirmar que qualquer tipo de coletividade supõe uma egrégora — boa ou má, forte ou fraca. A egrégora adquire coesão, intensidade, força e, por fim, torna-se uma entidade pela projeção dos conteúdos psíquicos de seus membros. Pela reunião desses conteúdos, a egrégora transforma-se, pelo magnetismo, numa poderosa central de energia, capaz de rejeitar e repelir quaisquer tipos de influências hostis.

Tal entidade é complexa, frequentemente caótica, uma espécie de alma coletiva, pois é formada do psiquismo de seus "pais", sem o qual não poderia existir. É uma soma!

Certos teóricos do esoterismo vão mais longe e avançam uma teoria ousada. Afirmam que o fracassado mundo comunista, durante os 72 anos de sua existência, teria caído sob a influência de uma egrégora poderosa e maligna, em sumo grau. Isso explicaria a insu­portável tristeza e atonia daqueles países.

No decurso daquele longo pesadelo, os homens procediam como se estivessem hipnotizados por uma força tentacular indiscernível. Eles se haviam tornado in­capazes de sentirem as alegrias mais simples da vida. Embora sem o aval da ciência, a teoria apresenta aspectos atraentes, capazes de determinar a adesão da mídia.

A atitude mais sensata resultante da compreensão desses fenômenos seria refletir sobre essa energia que a natureza colocou em nossas mãos. Fortaleçamos, pois, nossa egrégora em benefício da comunidade, pois, para pessoas altruístas, não há, por certo, experiência mais gratificante do que o poder da inteligência coletiva atuando sobre um problema.

Para o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis[iii], Egrégora pode ser: a "aura de um local onde ocorrem reuniões de grupo"; a "aura de um grupo de trabalho"; ou o "somatório de energias mentais, criadas por grupos de pessoas ao se concentrarem com força vibratória".

Dispensamo-nos de abordar outros aspectos e conotações da palavra egrégora como, por exemplo, os que se referem aos livros perdidos de Enoque, por se afastarem demasiadamente daquela objetividade mínima que gostaríamos de manter.



Nota: o presente texto foi basicamente extraído de matéria incluída no Caderno de Pesquisas Maçônicas no 18, da Editora Maçônica "A Trolha", editado em 2001 e denominado "Egrégora: o Pesquisador Maçônico".

Essa matéria foi escrita pelo saudoso Irmão Alberto Ricardo Schimdt Patier, embora ele tenha assinado como "Editoria de pesquisa do EGRÉGORA" (Jornal da ARLS "Miguel Archanjo Tolosa"). Na ocasião, ele também credita algumas ideias a um "artigo do Irmão Ildemar Marques Ferreira".

A editoria atual limitou-se a realizar alguns aperfeiçoamentos, incluir referências e ilustrar a publicação.





[i] Jung, Carl Gustav. Tipos Psicológicos. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.

[ii] Stein, Murray. Jung: o Mapa da Alma: uma Introdução. São Paulo: Editora Cultrix, 2004.

[iii] Disponível em https://michaelis.uol.com.br/busca?id=0MDX. Consulta realizada em março de 2022.



Egrégora Editoria

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