Alberto Ricardo Schmidt PATIER - UM MAÇOM DE AÇÃO E PENSAMENTO.
( * 24/05/1927 - ? 29/8/2015).
O Maçom Alberto Ricardo Schmidt PATIER era natural do Rio Grande do Sul. Nascido a 24 de maio de 1927, na cidade de Erechim, RS, ele era filho de João Schmidt e de JĂșlia Patier.
Fez, inicialmente, carreira no Exército Brasileiro e, nos anos 1960 e 1970, serviu aos Governos dos Presidentes Artur da Costa e Silva e EmĂlio Garrastazu Médici como Oficial de Gabinete Militar. De volta ao Exército, foi designado Chefe da Divisão Cultural do Centro de Documentação do Exército. A seguir, foi membro do Corpo Permanente da Escola Nacional de Informações, onde, durante 16 anos, foi Professor e Redator-Chefe da Revista Coletânea L e InteligĂȘncia.
Além disso, redigiu, ainda, a HISTÓRIA DA ESCOLA NACIONAL DE INFORMAÇÕES na versão ostensiva e confidencial. Na fase final de sua carreira, organizou o MEMORIAL DE INFORMAÇÕES (MEMORIN). Era portador da Ordem de Rio Branco e das Medalhas Militar de Ouro e Pacificador.
Formado em Filosofia e Letras e especializado em Medievalismo, ofereceu, igualmente, uma contribuição significativa ao Ensino Superior, tendo sido do grupo original que organizou o CEUB, instituição de ensino superior de BrasĂlia, DF. Foi Professor de Latim e, posteriormente ocupou, por mais de uma década, a Cadeira de Literatura Brasileira.
Como escritor e publicista, sua contribuição foi igualmente relevante. Foi colaborador da Revista Militar Brasileira e do hoje extinto Caderno Cultural do Correio Braziliense. A par disso, traduziu o PARSIFAL, extenso poema do século XIII e que serviu de base ao libretto da obra homônima de Richard Wagner. Essa extensa epopeia de vinte e cinco mil versos que, ao lado da DIVINA COMÉDIA de Dante, é considerada a principal obra literĂĄria da Idade Média, foi lançada em BrasĂlia pela Editora Thot e, posteriormente, em São Paulo pela Editora Antroposófica.
PATIER traduziu também A CANÇÃO DOS NIBELUNGOS, uma das mais importantes obras da Literatura Alemã do perĂodo medieval e que foi lançado pela Thesaurus Editora de BrasĂlia. A referida obra é uma epopeia de 2.379 estrofes, portanto, de grandes dimensões, de carĂĄter narrativo e estilo elevado, destinado a celebrar os feitos de um povo. É um canto fĂșnebre de um mundo pagão que, aos poucos, se cristianizava, lamentando o fim da era dos deuses noturnos. O Irmão PATIER trabalhou durante mais de dez anos nesta tradução, tendo por base um texto composto em Alto-Alemão Medieval.
Como Maçom, o Ir.". PATIER foi Iniciado em 27 de outubro de 1966, na A.". R.". L.". S.". ABRIGO DO CEDRO, nÂș 08, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de BrasĂlia, hoje Grande Loja Maçônica do Distrito Federal. Ficou afastado das Colunas da Ordem por um perĂodo até que, em 1992, solicitou a sua Regularização na A.". R.". L.". S.". MIGUEL ARCHANJO TOLOSA, onde eu era o VenerĂĄvel Mestre, na época.
A vinda do Irmão PATIER à nossa Loja tinha uma razão especial: organizar um jornal que não fosse um simples folheto de Loja, mas uma publicação com repercussão nacional. Esse era o grande sonho dos Irmãos da Oficina naquela oportunidade, em que o Conhecimento era o mais importante fator estratégico daquela gestão.
Comentando esse nosso objetivo com o Irmão Arnaldo ASSIS de Oliveira (o primeiro VenerĂĄvel eleito da Loja), este me garantiu que havia um Maçom, seu amigo, que tinha perfeitas condições de fazer isto. Tratava-se do Ir.". PATIER que, não muito depois, filiou-se à nossa Loja e organizou comigo e outros Irmãos da Oficina o Jornal EGRÉGORA, que seria a realização do grande sonho. O EGRÉGORA, graças à capacidade de doação do Ir.·. PATIER, seria conhecido e reconhecido até no exterior e daria à Loja MIGUEL ARCHANJO TOLOSA, nÂș 2131, dois tĂtulos: o de BENFEITORA e o de GRANDE BENFEITORA DA ORDEM.
No decurso de 1994, o Irmão PATIER foi designado pelo então Soberano Grão Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Irmão FRANCISCO MURILO PINTO (Expressão de uma Época), assessor para organizar o Museu Maçônico do Poder Central, o qual, ao ser inaugurado, em 17 de junho de 1995, recebeu a denominação de "MUSEU ARIOVALDO VULCANO". Este Museu representou um remate magnĂfico na carreira do irmão PATIER — esse Homem de Ação e Pensamento.
O Irmão PATIER foi um Maçom Pioneiro e com "veia de escritor". Ele era Membro das Academias Maçônicas de Letras do Brasil e do Distrito Federal, da Ordem do Mérito Maçônico de BrasĂlia e portador da Cruz da Perfeição Maçônica.
Mais que um Irmão, o Militar, Professor e Maçom Alberto Ricardo Schmidt PATIER era um Obreiro que nos enchia de orgulho com o seu compromisso com a Maçonaria.
Suas obras, suas ideias, representam um marco do Pensamento Maçônico e o seu conhecimento e livros publicados atestam seu destaque. Em 2015, a Maçonaria Brasileira perdeu um dos seus maiores pensadores.
Como seu Amigo, tive o privilégio e a oportunidade de conhecĂȘ-lo de perto, convivĂȘncia esta que perdurou por mais de 20 anos. Perdi um Grande Irmão e Amigo, mas guardo seus ideais e seus ensinamentos.
Com o Irmão PATIER, a nossa Saudade.
Que o Grande Arquiteto do Universo o ilumine e guarde no Oriente Eterno.
Triste, mas muito Fraternalmente, presto este tributo ao grande Irmão Alberto Ricardo Schmidt PATIER.
Autor: Lucas Francisco Galdeano. Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente do Distrito Federal. Foi também VenerĂĄvel Mestre da Loja Miguel Archanjo Tolosa, sua Loja-Mãe, por dois perĂodos. Fundador do Jornal Egrégora, junto com Alberto Ricardo Schmidt Patier, em 1993.