A consciência ética

A ética se apresenta como um estudo que se deve buscar para que se sinta e pratique o bem.

Por João Macedo em 15/10/2023 às 20:05:17

CONJUNTO ÉTICO


A consciência ética

Observação: Egrégora transcreve o texto em função da atualidade de sua abordagem. Não se pretende esgotar o assunto e as colocações servem como provocações ao livre pensar da ética.

Assim teve início o tempo de estudos

"Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras; vigie suas palavras, porque elas se tornarão atos; vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos; vigie seus hábitos, porque eles se tornarão seu caráter; vigie seu caráter, porque ele será seu destino."

Ética pode ser definida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação e/ou desaprovação da ação dos homens e a consideração de valores como equivalentes de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas.

O termo "ética" provém do radical grego ethos, que significa "costume e caráter".

Pode-se dividir a ética em normativa e metaética. A primeira propõe os princípios da conduta correta e a segunda investiga o uso e a fundamentação de conceitos como certo e errado, bem e mal.

Quando se fala em ética, geralmente se trata de ética normativa, mas a metaética vem conquistando cada vez mais importância entre os filósofos, tanto que a maioria das teorias éticas dos dois últimos séculos pouco teve a dizer sobre como se deve agir. Ao contrário, questionaram o papel da ética na vida, os fundamentos lógicos de determinados sistemas éticos, e sua validade.

Na maioria dos sistemas, a conduta ética é interpretada em termos de realização pessoal (procura do bem) e da obrigação para com os outros ou para com os princípios aceitos (preocupação com a justiça) ou ambas. A realização pessoal pode ter origem na felicidade ou no prazer, ou na luta por um ideal, o bem em si.

A metaética tem sua/ raiz no pensamento de Sócrates e Platão, que investigaram a natureza da bondade como distinta de qualquer bem. Na tradição grega, as questões centrais da Ética giravam em torno do problema geral que constitui uma vida bem vivida, em vez de questões específicas com relação ao certo e ao errado. No século XVIII, Immanuel Kant ampliou a metaética com sua tese do imperativo categórico, princípio ético absoluto e universal que plantou um novo alicerce para a legitimidade da moralidade.

John Rawls filósofo americano (1921) revitalizou os campos de filosofia política e da ética normativa com seu tratado Teoria da Justiça (1972). A teoria de Rawls que dá continuidade à tradição do imperativo categórico de Kant, propõe uma alternativa ao Utilitarismo, método predominantemente na ética durante a maior parte do século XX.

A teoria da justiça de John Rawls e as ações afirmativas

Fonte: https://www.editorafi.org/558renivaldo

Imagem do livro de John Rawls: A Teoria da Justiça

Rawls acreditava que a sociedade justa não é simplesmente aquela que garante "o melhor para o maior número de pessoas", na qual os atos são julgados pelas consequências, mas também aquele que leva em conta o interesse próprio e as aspirações pessoais.

Significativo observar que Rawls segue dois princípios inevitáveis: o primeiro considera que cada pessoa precisa ter o máximo de liberdade individual compatível com a liberdade dos outros de desfrutar dos mesmos privilégios; e o segundo, referindo-se às desigualdades sociais e econômicas, como capazes de oferecer a maior vantagem possível para os menos privilegiados e proporcionando ocupações e cargos oficiais com oportunidades igualitárias.

Concepções Éticas

Expostas essas ideias genéricas, podemos então esclarecer sobre dois aspectos da ética:

1° Como ciência que estuda a conduta dos seres humanos analisando os meios que devem ser empregados para que a referida conduta seja revertida em favor do homem. Nesse aspecto o homem torna-se o centro da observação, em consonância com o meio que lhe envolve. Ou seja, cuida das formas ideais da ação humana e busca a essência do ser, procurando conexões entre o material e o espiritual.

2° Como ciência que busca os modelos da conduta conveniente, objetiva, dos seres humanos. A correlação, nesse aspecto é objetiva entre o homem e seu ambiente. Os modelos, como valores, passam a guiar a estrutura normativa.

Tais critérios de entender, possuem posicionamentos distintos em seus desenvolvimentos, embora possam parecer semelhantes.

O primeiro situa-se no campo do ideal e o segundo no das forças que determinam a conduta, ou seja, das causas que levam ao ato comportamental do ser.

Um estuda a essência ou natureza e o outro os motivos ou relações que influenciam sobre a conduta.

Comum entre tais aspectos é a análise do bem como prática de amor em suas variadas formas. Igualmente relevante destaca-se o da conduta respeitosa que evita prejudicar terceiros, bem como ao próprio ser.

Quando Aristóteles afirmou "que para o homem não existe maior felicidade que a virtude e a razão"; situou tal pensamento no sentido de que a prática do bem é a felicidade e que ela deve ser praticada como ideal e como ato consciente.

Tal pensamento caracteriza bem o aspecto ético sob o prisma de uma realidade aceita como modelo de conduta racional.

A ética das virtudes, ou seja, a que considera como objetivo de seu exame essa disposição da alma é a que explora Platão.

Como agir de acordo com o bem?

No dia a dia tomamos atitudes diversas para favorecer as relações pessoais, preservar nossa integridade e alcançar maiores benefícios no decorrer da existência. Significa que aspiramos por uma "vida boa", queremos ser felizes.

De uma maneira refletida, mas nem sempre sistemática paramos para indagar a respeito da melhor conduta a ser tomada em nossa vida e qual deve ser evitada. Dessa forma, entramos propriamente no mundo moral, já que agir moralmente é agir de acordo com o bem.

Também tem sido essa a preocupação dos filósofos através dos tempos. ao se aprofundarem nas questões teóricas, tais como: Em que consiste o bem? Qual o fundamento da ação moral? Qual a natureza do dever? De onde veem as normas morais? Elas podem ser mudadas? Quem pode alterá-las? Essas perguntas nos remetem para o campo da ética, área da filosofia que, como vimos. Reflete criticamente sobre a experiência moral e discute as noções e princípios que fundamentam a conduta moral.

A felicidade como bem supremo

A reflexão ética propriamente dita se inicia no mundo ocidental na Grécia Antiga, quando os filósofos procuram o fundamento moral segundo uma compreensão da realidade distanciada dos relatos míticos.

No diálogo Eutífran (*), Platão mostra Sócrates discutindo, inicialmente sobre as ações do homem ímpio ou santo conforme a ordem constituída. para então se perguntar em que consiste a impiedade e a santidade em si, independentes dos casos concretos. Dessa forma, pela primeira vez um filósofo se interroga sobre o fundamento último da moral.


(*) https://www.consciencia.org/eutifron-dialogos-de-platao

Diálogos de Platão - Eutífron - Obra I da Primeira Tetralogia (Diálogos de Platão - Primeira Tetralogia Livro 1)

Importante olhar a ética de Aristóteles no pensamento ocidental. Segundo sua teoria, conhecida como, endomonismo (o verbo grego eudaimoneo significa "ter êxito", ser feliz), onde todas as atitudes humanas aspiram a algum bem dentre os quais o maior é a felicidade. Para Aristóteles, a felicidade não se encontra nos prazeres nem na riqueza, mas na atividade racional. Admitindo que o pensar é a principal característica humana, conclui-se que a felicidade consiste na atividade da alma segundo a razão.


ejemplos de eudemonismo en la vida cotidiana

Imagem de Aristóteles

Fonte: https://www.centroestudioscervantinos.es/eudemonismo-hedonismo/

Ética concebida como doutrina de conduta

O estudo doutrinário a respeito do motivo que leva a produzira conduta é um esforço intelectual; busca conhecer o que promove a satisfação, prazer ou felicidade é nessa forma de entender a questão, mais que avalizar o bem como uma coisa isolada ou ideal, simplesmente.

Deixa-se o estado apenas estático, ou como alguns expressem "contemplativos" do bem, para conhecer as razões que levem ao mesmo e as conveniências que ditem as variações em torno dos estímulos mentais, mas, sim, do que leva a produzi-lo.

A vida feliz, prazerosa, adequada, o bem-estar, pela prática racional da virtude, a-sociedade, o Estado etc., como ideais imaginários para o bem, como materiais que se tornaram objeto isolado de indagação, quando se busca o conhecimento da conduta como prioridade.

O que se torna predominante é a prática que o homem segue e que provoca os fenômenos, nessa forma de estudar e praticar a ética. O bem passa a ser uma decorrência da conduta, ou ainda, o que se consegue através de seguir-se tal ou qual direção. Enfim, a ética se apresenta como um estudo que se deve buscar para que se sinta e pratique o bem.

Refletindo, podemos concluir que

"A consciência ética é o estado decorrente da mente e do espírito, por intermédio do qual, não só aceitamos modelos para nossa conduta como efetivamos julgamentos próprios".

João Macedo, é Mestre Maçom

Fonte: Loja Miguel Archanjo Tolosa

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